segunda-feira, 9 de junho de 2008

FUTEBOL, UM GRANDE GOL DA INDÚSTRIA CULTURAL

FUTEBOL E SEU CARÁTER NARCOTIZANTE


Se antes a religião era tida como o ópio do povo, em determinado momento o futebol tornou-se o substituto quase perfeito do aspecto religioso, já que o mesmo consegue desenvolver um forte apelo popular, fazendo com que as massas mudem inteiramente as suas rotinas para se adaptarem ao cronograma futebolístico. Se os adeptos da escola de Frankfurt identificavam a Indústria Cultural como indústria da diversão, entendendo como razão instrumental a alienação bloqueando qualquer possibilidade de transformação e compreensão dos indivíduos submetendo-os a uma adaptação imutável, o futebol, por seu caráter de envolvimento coletivo, consegue prevalecer como elemento narcotizante nas relações cotidianas.


O futebol, em virtude do seu forte apelo popular, já serviu e serve de propaganda para vários governos, um grande exemplo foi a conquista do tricampeonato mundial pela seleção brasileira, em 1970, ano em que o Brasil vivia um momento político muito tenso, já que o país era governado a mãos-de-ferro pela ditadura militar. Durante tal evento esportivo, a população esquecia tudo de perverso que estava acontecendo em território nacional, a única coisa, que realmente tinha importância, era o desempenho da seleção canarinho, com Pelé e companhia “representando” a pátria. Grande parte deste processo de inconscientização nacional dar-se em função da torrente exploração que a mídia faz em torno do futebol, a questão da reprodução excessiva do mesmo tema faz com que as pessoas se prendam a ele de forma que todo o resto vire detalhe.


MÍDIA E FUTEBOL



A mídia consegue envolver as pessoas com a sua programação, e com o auxílio do futebol, que é a grande “paixão” nacional, isto se tornou mais fácil. O domingo transformou-se em “dia de futebol”. O brasileiro Já se acostumou a sempre no horário das 16horas, no domingo, a transmissão de uma partida, e quando isto não ocorre chega-se a sentir uma sensação de que alguma coisa está faltando, que o dia está incompleto.



Os meios de comunicação assumiram um papel de extrema relevância perante o futebol. Os grandes clubes, em especial no Brasil, tornaram-se dependentes da televisão, pois a mesma detém os direitos de transmissão dos principais campeonatos. Em nosso país, quem exerce este monopólio é a Rede Globo. Este controle da TV sobre o futebol faz com que ela, sabendo da paixão do povo por tal esporte, explore-o de maneira indiscriminada chegando a criar verdadeiros “heróis nacionais”, como é o caso de Pelé, que até hoje é tido como rei.



Na transmissão de futebol, há um mercado exuberante dos produtos da indústria cultural. Os patrocinadores do mesmo expõem suas marcas ao máximo para movimentar as transações comerciais, aproveitando assim o caráter diverso televisivo onde se dá a junção de imagem / som. O futebol virou um grande espetáculo midiático, assim, empresas como Coca-cola, Seda, Itaú, aproveitam-se dessa super exposição para disseminarem ainda mais os seus produtos no mercado. Sem falar da imagem utilizada dos jogadores que acabam servindo como verdadeiros garotos propaganda que chegam a fazer anúncios de materiais esportivos a aparelhos celular que é um artigo que, aparentemente, não se enquadra no contexto futebolístico; assim, reafirmando uma homogeneização no modo de pensar e agir das pessoas.


FUTEBOL SEM MÍDIA


Alguns clubes que têm as suas marcas constantemente expostas nos grandes meios de comunicação, e que em virtude desta grande exposição desfrutam de imensas torcidas, grandes “craques” nos seus elencos entre outras vantagens, podem ser vistos como exeções, já que a realidade da maioria dos clubes brasileiro não é bem assim. Também existem clubes que pouco ou quase nunca são mostrados ao grande público, o que termina acarretando em times sem patrocínio, pois já que o time não é mostrado, não seria interessante a nenhuma empresa patrociná-lo e isto faz com que estas entidades esportivas vivam em constantes crises tanto financeira, como administrativa. Esta falta de exibição midiática faz com que eles não sejam tão brilhantes quanto às equipes que nos são mostradas.



Alguns exemplos de clubes que sofrem com a falta de visibilidade por parte da mídia podem ser encontrados no interior do país, onde os mesmos, embora disputem campeonatos profissionais, têm estruturas amadora. É comum nos clubes tidos como “pequeno”, nos depararmos com situações que em nada lembra o futebol que é “vendido” pela Rede Globo: jogadores, que ao contrário dos Ronaldos, Kaká e companhia, recebem, em alguns casos apenas um salário mínimo, e por isto precisam de uma outra profissão para viverem com dignidade. Mas, isto não aplaca o sonho desses amantes da bola de se tornarem um dia grandes astros, de jogar em uma grande equipe da Europa e chegarem, assim, àquele que é o maior sonho de um jogador no Brasil, defender as cores da Seleção brasileira.



A mídia peca no momento em que não faz uma distribuição igualitária de espaço para todos os clubes, ela insiste em prestigiar o eixo Rio - São Paulo, dando a impressão que o futebol no Brasil só é feito por eles. Se houvesse uma descentralização do foco midiático, o futebol tornar-se-ia mais competitivo, pois os clubes passariam a gozar do mesmo espaço publicitário.


(Alinne Suanne e Emerson Rocha)

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