segunda-feira, 9 de junho de 2008




Caros amigos (as), quero ter uma conversa franca com vocês a respeito da informática, tecnologia que tanto influi na vida de todos. Acredito ser uma ousadia estratégica usar as portas abertas da mesma para criticá-la de maneira consciente e construtiva. Não é para gerar pânico, nem desistir da leitura, pois as disposições que focarei neste texto sobre a informática, traz de forma coerente a possibilidade de se estabelecer um eficiente contato, de forma equilibrada para que ninguém fique dependente das artimanhas dela.

Se relacionar bem com a informática é não ficar totalmente dependente da mesma, se conscientizando que ela é parceira. Já que esta foi a função primordial de seu surgimento, ou seja, facilitar a vida dos usuários, não se tornando problema, mas solução, ou no mínimo a ponte segura para solução.

Foi com o intuito de gerar uma discussão sobre o tema, que produzir um ensaio intitulado: “A informática e a robotização do homem”, o qual apresentei à professora Carla Paiva e discutimos em sala de aula, na Universidade do Estado da Bahia e agora desejo mostrar a síntese deste para análise da comunidade virtual. Espero contribuir com o(a) amigo(a), não afirmando que o companheiro(a) está “robotizado(a)”, estagnado, incapaz de agir, de tomar decisões, mas que, como eu e qualquer outro estar a caminho da robotização ou até mesmo já se tornou “robô” e não sabe ou simplesmente não faz questão de saber.

Vamos à síntese!


A INFORMÁTICA E A ROBOTIZAÇÃO DO HOMEM


Critico a forma como o ser humano vem sendo robotizado pela informática, e espero não ser pessimista ou taxado de antimoderno quanto à convicção da existência de muitos “robôs” programados e comandados por controles remotos situados nas principais empresas fabricantes de hardwares e softwares do mundo.

A acredito que se hoje a depressão é o provável mal do século XXI, as psicoses geradas pela robotização da humanidade podem vir a ser no próximo século os principais males que atingirão homens e mulheres. Estas pessoas se tornarão robôs programados, contudo não responderão aos controles remotos dos fabricantes por estarem tão defeituosos que nenhum técnico, por mais experiente e sábio que seja não conseguirá consertá-los, pois suas placas mães estarão totalmente danificadas e como são humanos não poderão substituí-las, porque não haverá ainda a possibilidade de transplante de neurônios.

Observe como ocorre o processo de robotização do homem e sua relação com a necessidade social de desenvolvimento, através da expansão tecnológica. Depois conheça as tecnologias da alma e um pouco do impacto de tudo isto nas relações humana.

Busca por tecnologias X Robotização humana

O ser humano vem desde tempos remotos, principalmente, no século passado, buscando o desenvolvimento de tecnologias com o intuito de melhorar a vida de todos, em especial os detentores de capital. Essas tecnologias vão desde as simples e aperfeiçoadíssimas máquinas agrárias a mais alta tecnologia de ponta usada nas telecomunicações, informática e nas indústrias automobilística, química, têxtil, mineradora, entre outras.

Falar em tecnologias sem mencionar eletricidade é inconveniente, principalmente porque a informática surgiu através dela e muito influencia as relações do ser humano. Relações estas que do jeito que as coisas vão, não vai demorar muito para que se concretize a robotização completa do seres humanos, pois cada dia que passa o desequilíbrio de forças humanas X informática só tem aumentado. O que poderia ser bom se o ser humano consciente de que é o maior, dono e controlador do sistema, não se deixasse controlar e ser manipulado por um sistema único, diante dos vários sistemas que compõem seu corpo – inspiração para qualquer tipo de máquina.

Acredito ser muito difícil o homem não ser robotizado desta vez. Aqui considero a fragilidade humana diante do capitalismo desenfreado que corrompe seu sistema nervoso central, hipnotizando de tal maneira a espalhar na sociedade o desejo, a carência, e a necessidade de ser direcionado a ações que propaguem a importância do controle dos fabricantes com o apoio da mídia, dos governos e da sociedade. Manipulada pela força do sistema capitalista e que por isso, afirmo que não há fortaleza que resista a força de um inimigo preparado com o mais alto poder bélico – o dinheiro – camuflado em belas propagandas, interatividade e outras formas simbólicas de sedução e conquistas.

É bem capaz do ser humano não escapar dessa forma de servidão proposta pelo capitalismo. Isso, porque considero as instituições educacionais, religiosas e estatais; e os meios de comunicação de massa (rádio, tv, jornal, revistas, etc) como tentativas “frustradas” de escravizar e controlar a vida humana. Já a informática dinâmica e abrangente no âmbito da amarração, atrelamento controla a mente de muita gente e com a ajuda das demais forças que mencionei anteriormente não deixará alternativa aos humanos, apenas a robotização.



Informática: tecnologia ou “religião”?

Observando a informática em todas as suas dimensões, posso afirmar que atualmente, ela não pode ser considerada uma tecnologia maquinária, a considero uma doutrina, talvez uma “religião” com muitos adeptos. Alguns até conscientes, outros fanáticos, podendo ser comparados com os fundamentalistas islâmicos tão repudiados por nosso mundo ocidental. Esses fanáticos são os hackers e crackers: os primeiros são os experts na arte do bem, os anjos da informática; os outros são os demônios.

Como o mito na Grécia, a Igreja Católica na Idade Média européia, a Ciência de nossos dias, o computador exerce controle na vida das pessoas de tal maneira a ser interpretado como alma humana, na sua plenitude de ser, até mesmo como já mencionei anteriormente com uma essência de alguma divindade. O que é preocupante, se tratando de uma tecnologia e não de gente.

O computador vai construindo a segunda identidade de tal maneira que as pessoas vão perdendo gradativamente a consciência de seus limites, perdendo o controle, tornando-se prisioneiras de uma máquina que exerce o comando de suas vidas com uma ilusória pretensão de comandos conscientes que minam o pensar, controlam suas aptidões e recendem o temor de que a máquina não lhes avise quando provocarem enganos.

Nesse jogo, quer seja criança ou adulto as relações não se diferencia, a não ser pelo julgo de interpretações aptas de cada idade. Enquanto a criança no seu pensar infantil parece não se incomodar com a idéia de que o computador é vivo e consciente, o adulto na relação com o mesmo deseja estar com uma máquina pensante e viva, mesmo sabendo com plena consciência que isso não pode acontecer.

A informática como meio de comunicação de massa deve ser um complemento ao homem, não um suplemento ao ser humano. No primeiro caso ela exerceria o papel de parceira, companheira, porém o que vemos é uma total submissão, funcionando como algo intrínseco alimentar e dogmaticamente sugado pelo homem e que ao mesmo tempo suga o mesmo dando a falsa ilusão de ajuda mútua, quando na verdade o torna gradativamente dependente de suas artimanhas automáticas, elétricas e interativa.

As pessoas estão evitando qualquer pensamento contrário às suas convicções assimiladas e impregnadas sobre a informática fazendo uma defesa programada e necessária para satisfazer suas ilusões, exercendo uma função nula quanto à crítica de suas ações com a máquina e concretizando inconscientemente o que venho defendendo.

O impacto da robotizacão humana nas relações de convivência

A avaliação que eu faço sobre o impacto à vida social das pessoas é lastimável e comprometedora porque vemos um grande e vertiginoso afastamento do contato entre pessoas de forma presente, quente, uma relação verdadeiramente humana de troca de experiências diretas e conclusivas. O que vemos é a frieza nas relações, o isolamento das pessoas em seu próprio “casulo” - o computador- pensando está se relacionando de forma quente através da internet com qualquer que seja a informação ou pessoa do outro lado da rede.

Meu foco não é apenas o computador individual é também a submissão das pessoas a outros tipos de máquinas que estão nos bancos, supermercados, hospitais e em algumas cidades grandes no transporte coletivo. Aqui podemos observar que pessoas e profissionais dependem em qualquer lugar que mencionei exclusivamente das máquinas e as relações humanas se perdem.

Posso afirmar verdadeiramente a existência de muitos robôs humanos. O que contraria a preocupação de muitos críticos sociais, preocupados apenas com a robotização industrial que tira do mercado de trabalho muitos trabalhadores. Faço essa afirmação preocupado com o que pode ocorrer a humanidade robotizada e o que é pior sem capacidade crítica para lutar contra a força robotizadora, já que não se percebe a clareza dessa robotização em mentes lesionadas e programadas para esse fim.


(Jorge dos Santos)

Nenhum comentário: