quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Homenagem a Dama do Barro, Ana das Carrancas!







Quando este trabalho nos foi proposto, a princípio ficamos a pensar em quem seria o nosso artista, tivemos várias idéias e sugestões para serem trabalhadas. Foi quando atentamos que na nossa região, o Vale do São Francisco, de imensa riqueza histórica e cultural, existia arte da melhor qualidade, nos demos conta de que não seria necessário ir tão longe para falarmos de um artista, ficamos em nossa terra, falaremos da nossa “Dama do Barro”, de Ana das Carrancas.


Ana Leopoldina Santos nasceu no dia 18 de fevereiro de 1923 em Santa Filomena, distrito de Ouricuri, no Sertão do Araripe, em Pernambuco. Ficou conhecida em virtude do seu distinto trabalho com argila, na confecção de carrancas, figura simbólica na Região do Velho Chico. Seu labor além de garantir o sustento da sua família, também lhe rendeu um apelido que ela carrega até os dias de hoje: a Ana Leopoldina tornou-se Ana das Carrancas, a Dama do barro.


Desde os sete anos de idade, a pequena Ana, como era chamada pela família, já mostrava o talento com argila, produzindo, com a orientação de sua mãe, Dona Maria Leopoldina dos Santos, utensílios domésticos para serem comercializados para ajudar no sustento da casa. O surgimento do inigualável trabalho de Ana com as carrancas deu-se por volta dos anos 60, após ter se encontrado “com o mundão de água do Velho Chico”, segundo Ana das Carrancas, sua motivação para dar início à confecção desses objetos, deu-se em um dia em que fora ao Rio São Francisco buscar barro para fazer as suas panelas, diante do rio sentiu uma forte inspiração ao ver as carrancas de madeira que aportavam às margens; daí criou a sua primeira peça em pequeno tamanho e mostrou-a a sua família que a motivou a da seqüência a sua arte (ANDRADE, 2006).


Ana chega à cidade de Petrolina-pe com um objetivo: encontrar-se com a generosidade do Rio São Francisco, já que ela e sua família vinham fugidos da seca que castigava o sertão do Piauí. Sua vida é marcada por dois grandes amores: o amor por sua arte e o amor por seu segundo marido, José Vicente. Além de ser o companheiro de uma vida, também atua como ajudante do no trabalho de sua mulher: ele é quem amassa o barro para que Ana venha a desenvolver o seu dom. Um dos traços marcantes na obra dessa artista pernambucana é, justamente uma forma de demonstrar o amor que ele tem por seu marido: todas as carrancas feitas por ela têm os olhos vazados, com a intenção de chamar à atenção para a deficiência de seu esposo, que é cego.


É natural no ser humano os sonhos, e assim não foi diferente com nossa Ana das Carrancas. Um dos seus maiores desejos, era construir um espaço que servisse de oficina ou centro de arte. Finalmente no ano de 2000, tendo à artesã 77 anos, foi inaugurado o seu ateliê; um espaço de 600 metros quadrados, localizado no bairro Cohab Massangano, sendo que esta área já tinha sido doada pela prefeitura de Petrolina. Para este empreendimento, a artista contou com o apoio do sistema de incentivo a cultura, o Bompreço, a Celpe, a Telemar, e a Tim. O museu dispõe de uma loja para a exposição e venda das carrancas como também do acervo pessoal da artesã e espaços para aulas de xadrez ministradas pelo genro de Ana, o senhor Euclides Marques, aos jovens da comunidade.

Falar desta grande artista do sertão do São Francisco é levar em consideração o poder que a arte tem de transformar vidas e demonstrar o quanto é inteligente e criativo o ser humano. Ana das Carrancas, mesmo não fazendo suas peças por motivos de saúde, deixando a missão para suas filhas, continua refletindo a necessidade da arte na vida da sua família, dos jovens e adolescentes que passam no seu ateliê, como também, deixa uma impressão de vitória, esforço, companheirismo, amor e fidelidade aos seus sonhos que nunca foram construídos sozinhos, mas sempre com a ajuda de quem está ao seu redor. A Dama do Barro nos cabe os mais admiráveis elogios e gratidão por enriquecer ainda mais a cultura do Velho Chico, este rio que nunca esquecerá daqueles que nele se banham.


Alinne Suanne e Emerson Rocha.

2 comentários:

Emerson Rocha disse...

De todos os trabalhos que fiz na faculdade esse foi o mais gratificante. Tivemos a honra de falar da eterna Dama do barro.

Alinne Suanne disse...

com certeza Emerson...este trabalho nunca esqueceremos....ficará na epigrafe do TCC srrsrs

bjusssssss