segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Fonte Nova, 1 ano depois


Para torcida do Esporte Clube Bahia, o dia 25 de novembro de 2007 ficará marcado para sempre por dois motivos: a conquista do acesso à Série B do Campeonato brasileiro e, pela ocorrência de um fato que todos gostaríamos que nunca tivesse acontecido, a morte de sete torcedores após o rompimento de parte da arquibancada do anel superior do estádio. Agora, um ano depois, essa tragédia que marcou o futebol brasileiro continua sem explicação.
Estava tudo preparado para ser uma grande festa, pois o time do Bahia necessitava apenas de um simples empate contra o Vila Nova (Go) pra retornar à Série B do brasileirão. O Estádio estava lindo, todo pintado em vermelho – azul e branco. Com um público de 60.007 pessoas, sete a mais do que a sua capacidade, e cerca de 30 mil torcedores do lado de fora prontos para comemorar o retorno tricolor ao som de quatro trios elétricos. Tudo estava muito perfeito, embora o jogo não estivesse sendo dos melhores, a torcida estava feliz, do lado de fora o cantor Ricardo Chaves animava a multidão ao som do hino do tricolor de aço.

Porém, aos 40 minutos do segundo tempo, o que era para ter sido uma grande festa, começou a tornar-se o episódio mais lamentável do nosso futebol. Com a aproximação do término da partida e a certeza da classificação, os portões que davam acesso ao estádio foram abertos e uma multidão adentrou as dependências do mesmo, fazendo com que a capacidade máxima que era de 60 mil pessoas, aumentasse de forma considerável.

Além da má conservação da praça esportiva, que no início do ano já havia passado por uma vistoria e tido o seu anel superior totalmente interditado, a super lotação e a invasão dos demais torcedores podem ter ajudado na ocorrência do acidente. Duas perguntas até hoje não foram respondidas, o porquê da abertura dos portões e por que o anel superior fora liberado sendo que o Ministério Público já havia determinado o isolamento daquela área.

Após o acidente cinco pessoas foram indiciadas criminalmente: o Presidente da Federação Baiana de Futebol, Ednaldo Rodrigues; O Superintendente da SUDESB, órgão que administra a Fonte Nova, Raimundo Nonato (Bobô); o Presidente do Esporte Clube Bahia, Petrônio Barradas; O diretor da CBF, Virgilio Elísio e O diretor de operações da SUDESB, Nilo do Santos. Porém, hoje, apenas os funcionários da SUDESB respondem ao processo que se encontra na 10º vara crime em Salvador.


Apenas duas das famílias das sete vítimas (Djalma Lima dos Santos, Márcia Santos Cruz, Anísio Marques Neto, Mídia Andrade Santos, Milene Vasques Palmeira, Jadson Celestino Araújo Silva e Joselito Lima Júnior) foram indenizadas pela perca dos seus familiares, embora continuem a sofrer em decorrência da falta dos mesmos.


Já o Estádio Octávio Mangabeira continua interditado, sem nenhuma movimentação no que diz respeito à reforma, virando um grande “elefante branco” localizado no centro da capital baiana.


Resta saber se essa tragédia entrará para o rol da impunidade no Brasil, afinal, sete pessoas perderam suas vidas, deixando pais, filhos, esposas, maridos. A impunidade penalizará aquelas pessoas que perderam sua vidas e as demais que compareceram à Fonte Nova naquela tarde de domingo onde tudo estava preparado para ser uma grande festa.

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